Às vezes eu fico olhando para o Facebook e concluo que algumas pessoas viajam mais pensando nas fotos que serão despejadas na timeline alheia do que no destino em si. Álbuns intermináveis, selfies, looks do dia – me pergunto a quem de fato interessa.

A necessidade escancarada de mostrar “estive lá” me passa a sensação de que a pessoa não viveu completamente a experiência, e sim, se esforçou para cumprir com êxito os “points obrigatórios” e para se lançar em uma epopeia de compras como se o mundo fosse acabar amanhã e a cura de todos os males se resumisse à compra do último modelo do iphone.

Eu não entendo muito estas posturas porque a minha relação com viagens é muito ligada à essência do local e às experiências sensoriais. Eu comecei a viajar muito cedo, já que a família da minha mãe mora em Maringá, no Paraná, e eu sou de São Paulo. Mas só pude mesmo conhecer outras culturas fora do País muitos anos depois. Independente do destino, posso dizer que já arrumei muita mala na vida.

E tanto as viagens por 700 km de busão que me conduziam até Maringá, quanto as que vivenciei na vida adulta, sempre estive com os olhos atentos e o coração aberto. Um prato preparado com carinho, um pôr-do-sol apreciado sem pressa, a textura da areia, os hábitos dos moradores locais, palavras novas. Ruas descobertas por acaso me interessam mais do que os roteiros pré-concebidos.

Este ano foi muito especial no quesito “viagem”. A trabalho ou a passeio, estive em 5 países diferentes – 4 deles ainda eram novidade pra mim -, e para várias cidades igualmente novas no meu repertório.

Sou muito grata por isso, porque viajar é das coisas que eu mais valorizo na vida. A cada retorno, me sinto uma pessoa diferente: mais desapegada, mais aberta ao diferente, mais completa.

Mas eu sempre digo que o mais importante mesmo é ter pra onde voltar. E outro presente que ganhei no fim de 2013 foi a folga de Natal, onde depois de um ano cheio de estímulo e mudanças internas, reencontrei minha essência, na casa da minha mãe.

Ao longo desse ano, ela vinha falando do tal de um banco que ela e o Cidão, seu companheiro e parceiro de vida, instalaram no jardim pra gente ficar debaixo do pé de acerola quando fôssemos para o “rancho” deles, em Maringá.

As folhas ganharam luzinhas coloridas natalinas. Estrategicamente ao lado da novidade, eles colocaram um toco de árvore, pro caso da gente querer colocar uma cerveja e ficar sentada ali, jogando conversa fora.

Notei também que a roseira que fica próxima ao local foi devidamente aparada pelo Cidão: preocupado, ele retirou espinho por espinho, pra gente não se machucar. E depois de tanto cuidado, a cena que eles tanto imaginaram ao longo do ano se concretizou: gastamos boas horas ali, dando risada, conversando, tomando picolé ou cerveja, brincando com a Belinha, com os pés descalços na grama. Foram momentos divertidos e relaxantes, que me encheram de energia para 2014.

Me sinto grata por poder ir e voltar, por poder arrumar e desarrumar malas, sempre com alguma novidade na bagagem. Para o próximo ano, eu só desejo uma coisa, além de saúde e de muito mais viagens: ao meu redor, quero menos gente ligada à imagem, e mais gente focada em redescobrir e renovar sua essência. E que venham novos ciclos! Feliz 2014! 🙂

Apresentando: banquinho do rancho! Participação especial: Belinha ao fundo <3

Apresentando: banquinho do rancho! Participação especial: Belinha ao fundo ❤